terça-feira, 21 de novembro de 2006

Truticultura poderá ser uma fonte de poluição

Há muito considera e divulgada como uma das principais fontes de poluição do rio Coura, senão a principal, a Truticultura do Minho instalada nas margens do rio Coura em Formariz, propriedade do consórcio de pescada “Castro e Cabrero”, parece agora forçada a seguir um novo rumo.
De acordo com fontes próximas do departamento ambiental da Câmara Municipal de Paredes de Coura, as análises efectuadas à água do rio a montante e a jusante daquela infra-estrutura, e em momentos distintos, revelaram situações bastante díspares. Enquanto que a água a montante da zona de descarga da truticultura parece enquadrar-se em todos, ou na maioria, dos parâmetros físicos e químicos legalmente definidos, aquela que, segundo a mesma fonte, foi recolhida imediatamente após uma descarga da truticultura, apresentava elevados níveis de poluição. Encontrar-se-iam bastante acima da média os níveis de amónia, fósforo e azoto, componentes que quando libertados em excesso num curso de água dão origem ao crescimento anormal da flora aquática (eutrofização). Na prática serão libertadas grandes quantidades de resíduos e camadas de farinha usadas na engorda, as quais terão chegado mesmo a ser observadas in loco por técnicos especializados. Por outro lado, “o rio parece possuir uma grande capacidade de regeneração”, adiantaram-nos, já que análises colhidas nas margens de uma zona bastante mais abaixo de Formariz, parecem revelar índices de poluição significativamente mais baixos que os anteriormente referidos.
Se parece ser de consenso geral e se as provas apresentadas parecem indicar a cultura de trutas como um problema, porque é que a situação permanece inalterada? Importa salientar que a “Truticultura do Minho” funciona em modo de sistema aberto, isto é, a água do rio entra nas instalações enchendo os tanques onde são criadas e devidamente tratadas as trutas. No final do complexo de tanques, esta é novamente libertada para o rio. No entanto, qualquer empresa deste género, e que funcione nestes termos, é obriga por lei a possuir uma mini-ETAR onde possa tratar devidamente as águas que serão novamente libertadas no rio. Informações recentemente recolhidas apontam para o facto de a última parte do processo parecer estar a falhar há vários anos, no funcionamento da truticultura.
Chamados à atenção para as alegadas ilegalidades que a exploração supostamente levantará, os proprietários terão admitido estar a produzir em excesso para as capacidades das instalações que possuem, justificando-se que só assim o negócio ainda é considerado rentável. Quanto aos tanques de decantação que deveriam possuir (uma das formas de tratar os resíduos provenientes da cultura, não sendo, no entanto, a mais eficaz), a mesma fonte afirma que apesar de existirem não estarão a ser usados para o devido efeito. Conhecedoras da situação, as entidades ambientais, supostamente alertadas pela Câmara Municipal, concederam já à “Castro e Cabrero” um tempo regulamentar para estabilizar a situação. Se dentro de um ano não diminuírem as descargas no Rio Coura, ou se não instalarem sistemas de tratamento próprios que permitam tratar a água antes de esta voltar a ser lançada
no afluente, a Câmara Municipal será obrigada a intervir, cortando progressivamente a licença de funcionamento dos tanques de criação.

1 comentário:

Anónimo disse...

venho por este meio demonstrar sensibilidade para o respectivo tema, ainda por cima porque sou de Paredes de Coura.
Gostava que explicasem uma coisa, como é que a truticultura liberta os residuos. Fazem algum tratamento?
obrigada